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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Em quanto tempo se conta uma história?



















Com o peso do vídeo a crescer na Internet, multiplicam-se os festivais de “filmes de um minuto” e de “microfilmes”, como se a emergente cultura de “snack tv” fosse uma descoberta do Século XXI.

Queria neste post só reflectir um pouco sobre o tempo que demora (ou não) a contar uma história e para isso, permitam-me, vou usar o exemplo da música. Quando me perguntam quanto tempo deve durar um vídeo “feito para a net”, costumo responder “o mesmo que uma canção pop”.

Condicionados pelas playlists radiofónicas e pela necessidade que as estações tinham e têm de agarrar as audiências, os compositores de música popular habituaram-se a exprimir-se no tempo máximo de três minutos, três minutos e meio. Ah, não, esperem! Isto não é coisa da rádio, é coisa de sempre. Essa sempre foi a duração razoável de uma cantiga, desde a Idade Média ao Renascimento, passando pelas “lieder” do Séc. XIX. Há excepções, claro, estamos a falar de média.

Esse é também o tempo médio para uma ária de ópera, mas uma ópera completa, tal como uma peça de teatro, durará mais perto de duas horas, tal como uma longa metragem de cinema. Já uma série de televisão tem um tempo que se aproxima mais do formato épico, da leitura de um romance. A própria telenovela tem a sua raiz óbvia no folhetim de jornal ou de rádio.

Tudo isto para dizer que esta “inovação” do “microfilme” não é de facto inovação nenhuma. Conta-se hoje uma história em trinta segundos de telemóvel celular, como se contou já num Haiku ou numa cantiga de amigo. Não me creiam Velho do Restelo, nem que vá dizer que a tecnologia não muda nada. A tecnologia muda muita coisa, mas os tempos em que se conta uma história, isso vão perdoar-me, continuam a ser tão velhos como a humanidade.

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